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DEPRESSÃO EM TEMPOS DE CORONAVÍRUS


Por Vivian D'Angelo


Há tempos vivemos em um mundo extremamente dinâmico, ágil e acelerado. Quando, sem esperarmos, praticamente da noite para o dia, tivemos nossos trabalhos, nossas relações interpessoais, nossas rotinas diárias completamente interrompidos por algo que não vemos, não tocamos e nem sentimos a sua presença – o novo coronavírus. Nos deparamos com medidas extremas, porém necessárias para que possamos tentar conter algo que pode nos custar a vida. Tais medidas – fechamento do comércio, estímulo ao home office, afastamento social de amigos, parceiros de trabalho, familiares, podem trazer à tona uma antiga e muito conhecida epidemia – a depressão. A depressão, segundo a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID) “É uma doença psiquiátrica crônica e recorrente que produz uma alteração do humor caracterizada por uma tristeza profunda, sem fim, associada a sentimentos de dor, amargura, desencanto, desesperança, baixa autoestima e culpa, assim como a distúrbios do sono e do apetite” Em um número cada vez mais crescente em todos cantos do mundo, ela é uma doença comum, incapacitante e, por vezes, mortal. Diferente da tristeza, aonde a melancolia é observada de maneira transitória, a depressão se instala, sem prazo para acabar, e pode, por vezes, levar ao suicídio. Observa-se, neste contexto, possíveis causas, muitas vezes combinadas, que podem favorecer a manifestação da doença. Fatores biológicos, psicológicos e sociais são considerados para que possamos identificar as causas da depressão e sua origem. No cenário atual, analisando os últimos acontecimentos e as medidas que foram adotadas para a contenção do coronavírus, percebemos como a esfera social – considerando os estímulos externos e própria realidade individual – pode ter um impacto significativo no dia a dia desta rotina compulsoriamente adaptada. A mudança comportamental repentina associada ao isolamento social pode causar não somente a depressão, como também crises de ansiedade ou síndrome do pânico. O fato de não termos conhecimento de como nem quando esta fase delicada irá se normalizar, traz um cenário incerto em especial nos aspectos socioeconômicos e aqueles relacionados à saúde – a própria e a do outro. Desta forma, torna-se relevante sermos capazes de identificar os principais sintomas da depressão, tanto em si quanto no outro, para que possamos nos ajudar mutuamente.

Os sintomas mais comuns, que vem sendo observados por especialistas da área da Saúde Mental, neste momento em específico de isolamento social são: sentimentos de desamparo, humor triste, ansiedade, sensação de vazio, desesperança, pessimismo, irritabilidade, dificuldade de concentração, distúrbios do apetite e do sono e ideias suicidas. Este último sentimento mencionado gera um sinal de alerta nos especialistas, pois ele pode ser facilmente manifestado pelo indivíduo frente a um cenário possivelmente incerto e diferente, tendo que enfrentar situações delicadas nunca vividas. O estigma sempre foi um dos principais obstáculos ao tratamento da depressão, uma vez que transtornos psiquiátricos ainda são considerados tabus e, por vezes, ela pode ser incompreendida por aqueles que nos cercam. Se antes já era observado que a população apresentava algum grau de depressão, a ausência de cuidados durante a quarentena poderá ser determinante para que o número de casos aumente. Então o que se pode fazer para evitar ou amenizar os sentimentos manifestados durante um quadro depressivo? Especialistas recomendam que neste período de isolamento social é fundamental que não percamos o contato com amigos e familiares. É importante tentarmos reduzir a sensação de distanciamento, seja por telefone ou conversas por vídeo. Também é relevante direcionarmos o conteúdo da conversa para assuntos positivos e que possam gerar sensações agradáveis ao longo da interação. Temos a tecnologia a nosso favor tanto para contatos quanto para termos acesso à informação, mas devemos utilizá-la com cautela. Evite verificar com frequência os noticiários e redes sociais. As informações relativas ao coronavírus são dinâmicas, dados e estatísticas mudam o tempo todo, o que se pode elevar o grau de ansiedade, dependendo de como a informação é recebida. Procure se manter ocupado, dando continuidade, sempre que possível, a projetos e trabalhos. Manter o foco no coronavírus não muda os fatos, mas cria uma grande obsessão a qual pode limitar o desenvolvimento de nossas atividades. O autocuidado é importante, seja com a prática de exercícios ou com a alimentação. É indicado ter preferência por atividades físicas as quais possam trazer sensações tranquilas e de bem estar, como a meditação ou a ioga. É recomendado também distribuir as atividades ao longo dos dias, evitando a ociosidade em um período que pode ser longo. Tentar inovar, desenvolvendo atividades nunca antes realizadas pela falta de tempo corriqueira. Essa também pode ser uma saída para os dias de isolamento social.


Não hesite em procurar ajuda psicológica se assim vier a ser necessária. O Conselho Federal de Psicologia publicou uma resolução a qual formaliza as orientações aos psicólogos sobre a atuação online, diante do cenário de pandemia do coronavírus. Essa normativa flexibiliza a forma de atendimento e evita a descontinuidade da assistência à população nos próximos meses.

Além desta ação do Conselho que possibilita o atendimento online, alguns profissionais da área da Saúde Mental estão se colocando à disposição - por telefone ou virtualmente - neste período para prestar orientações e apoio sem custo.

Em casos mais recorrentes, de sofrimento intenso e insuportável, busque pelo Centro de Valorização da Vida (CVV). O CVV realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo de forma voluntária e gratuita todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo e anonimato por telefone, email ou chat 24 horas todos os dias.

Seja solidário ao próximo, ele pode estar precisando do seu apoio.


Vivian D´Angelo é Psicóloga, Pós Graduada em Gestão de Recursos Humanos e Negócios, atua na IMC Desenvolvimento Empresarial, consultoria de Projetos voltada para atender os subsistemas de RH e apoiar as Empresas na gestão de crise.

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